HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO

O LAR ESPERANÇA – Casa de Apoio a Pessoas Positivas é uma Organização sem fins lucrativos que acolhe e assiste portadores de HIV e doentes de AIDS carentes na cidade de Cabo Frio, Estado do Rio de Janeiro.

A Instituição surgiu de uma ação de uma mulher chamada Ivonete Porto da Silva, Auxiliar de Enfermagem que descobriu em 1993, que seu filho, então com 21 anos, era vítima da AIDS.

A princípio dona Ivonete se desesperou, porque como a maioria das pessoas, acreditava que o portador do HIV estava destinado a arrastar as “correntes da culpa” e aguardar sua morte. Esse pensamento era compatível com a falta de conhecimento sobre a doença que nutria e que até então também fazia parte do imaginário social: a idéia de que havia culpados e inocentes pela própria condição sorológica.

É importante lembrar que nessa época acreditava-se que apenas homossexuais, prostitutas e usuários de drogas injetáveis contrariam AIDS. Eram conhecidos como pessoas que deviam ser evitadas por pertencerem ao que o próprio Ministério da Saúde denominava como “Grupo de Risco”.

Essa idéia foi sendo derrubada à medida que a doença ia sendo diagnosticada em hemofílicos, mulheres casadas, homens heterossexuais e crianças com menos de dois anos de idade. Porém o preconceito permanecia forte e faltava a maior parte dos profissionais de saúde informações sobre a AIDS e sobre suas formas de contágio.

A postura de dona Ivonete, que cuidava do filho revoltado com sua nova condição de saúde, a coragem de não se calar e fazer valer o direito ao tratamento digno, logo chamou a atenção de autoridades políticas e de todos os outros que perambulavam pelos centros de atendimento médico a espera de atendimento.

Comovida com o sofrimento dessas pessoas que se encontravam doentes e abandonadas, tanto pela esfera pública como por seus familiares e amigos, tornou-se solidária às suas dores e dificuldades, passando a cuidar e a lutar por eles, doentes de AIDS na cidade de Cabo Frio.

Muitos ficavam abandonados a própria sorte porque não tinham para onde voltar após alta médica. Diante de tanta dor dona Ivonete firmou um propósito em seu coração que foi o de ajudar doentes de AIDS carentes e desabrigados em tudo que necessitassem e que estivesse ao seu alcance. Em nome deles lutaria por respeito e dignidade, como fez para seu próprio filho.

Em meados do ano de 1995 acolheu em sua própria casa um rapaz que, inconformado com a doença venceu o coma e desmentiu diagnósticos de morte esperada. Conseguiu provar para as pessoas que Dedicação, Amor e Esperança também eram necessários para combater a doença.

Dona Ivonete passou a ler tudo o que vinha as suas mãos sobre a epidemia que surpreendeu muitos países, até bem mais preparados para o enfrentamento de doenças que o Brasil. Para ela a pesquisa sobre a AIDS e sobre o tratamento era imprescindível.

No ano de 1998, cinco soropositivos a procuraram, e estes, já sabedores de seu AMOR INCONDICIONAL pediram sua ajuda porque não tinham onde morar e não tinham condições de se sustentarem, em decorrência da falta de apoio familiar e do desprezo da sociedade.

Nesse momento surgiu a oportunidade de fazer alguma coisa por essas pessoas; não os deixaria também a própria sorte, e mesmo sem saber como conseguiria sustentá-los, os abrigou em sua própria casa. Algumas pessoas próximas a ela consideraram-na louca, outras julgaram ser esse um ato extremo de coragem e de amor ao próximo.

Para ter mais tempo para se dedicar a causa e buscar recursos financeiros para cuidar dessas pessoas, pediu então demissão do seu trabalho – era funcionária pública federal há mais de 20 anos.

O dinheiro que recebeu em virtude de sua demissão foi suficiente para manter os doentes de AIDS em sua casa até os meados de 1999 e nessa época, já passavam de 20 pessoas. A partir daí passou a apelar para pessoas da comunidade e sem ter mais como conduzir o trabalho dessa forma, fundou legalmente em 14 de janeiro de 2000 a ONG Lar Esperança – Casa de Apoio a Pessoas Positivas.

Dona Ivonete faleceu no dia 31 de dezembro de 2003 e desde então a Instituição permanece sob a responsabilidade de sua filha, Aparecida Porto da Silva.

A Instituição passou por muitas adequações e se profissionalizou. Oferece atualmente 16 vagas para doentes de AIDS e presta auxílio material há aproximadamente 40 famílias de soropositivos.

Com o reconhecimento do trabalho social oferecido, o Lar Esperança vem firmando, desde 2000, convênio financeiro anual com a Prefeitura de Cabo Frio, que é suficiente para cobrir parte das despesas mensais.

Com a finalidade de angariar recursos para manter o restante das despesas e proporcionar dignidade aos seus assistidos, diretores, funcionários e colaboradores do Lar Esperança realizam bazares em comunidades carentes; põem a venda roupas e utensílios usados, participam de festas populares montando barracas para venda de pratos típicos e outros lanches e recorrem aos vários segmentos da sociedade a fim de obter doações em espécie ou materiais.

A Diretoria